segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"Um mundo que pode colocar um sinal de igualdade entre um bebê e o carbono é um mundo que perdeu a fé na humanidade"

NOTA: opinião MDV: forçar os pobres a ter menos filhos do que eles desejam porque os ricos consomem demasiados recursos do mundo, é uma atitude imoral. As campanhas de controle populacional, partem da equivocada premissa de que os pobres são a causa da miséria de um país. Os controlacionistas, deliberadamente, eludem os dados da distribuição de renda, que quando justamente equilibrada funciona como o mais eficiente método anticoncepcional que existe.
www.defesadavida.com.br/fsm2005.htm
www.defesadavida.com.br/fsm2002.htm

"Segundo Vidal, os cálculos de Trust mostram que as 10 toneladas de carbono emitidas por um voo de Londres a Sydney poderiam ser compensadas evitando o nascimento de uma criança em um país como o Quênia.
Parece que o neocolonialismo ainda está vivo nas atitudes de alguns ambientalistas que não veem qualquer problema em fazer que as nações em desenvolvimento contenham sua população para que as emissões de carbono dos países mais ricos sejam compensadas."

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Renasce o controle populacional
A vida humana vista como um problema na emissão de carbono
Por Pe. John Flynn, L.C.

ROMA, domingo, 20 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- A cúpula do clima de Copenhague trouxe uma enxurrada de opiniões sobre questões ambientais. Entre elas está um retorno inquietante da posição malthusiana de ver o controle da população humana como uma das soluções para os problemas do mundo.
De acordo com um artigo de opinião de Diane Francis, publicado no dia 8 de dezembro no jornal canadense National Post, é necessário que se instale mundialmente a política chinesa de um filho por casal.
Francis afirma que isso iria reduzir a população mundial atual de 6,5 bilhões para 3,43 bilhões, em 2075. Embora a ação seja mais extrema do que a maioria, ela não está sozinha na defesa do controle populacional.
Pouco antes da reunião de Copenhague, Optimum Population Trust, da Grã-Bretanha, lançou um esquema de compensação de carbono, de acordo com o jornal The Guardian, em notícia publicada no dia 3 de dezembro.
Segundo explicava John Vidal, redator de meio ambiente do jornal, isso permite aos consumidores ricos compensar seu estilo de vida de viagens em jatos privados financiando a anticoncepção nos países mais pobres.
Segundo Vidal, os cálculos de Trust mostram que as 10 toneladas de carbono emitidas por um voo de Londres a Sydney poderiam ser compensadas evitando o nascimento de uma criança em um país como o Quênia.
Parece que o neocolonialismo ainda está vivo nas atitudes de alguns ambientalistas que não veem qualquer problema em fazer que as nações em desenvolvimento contenham sua população para que as emissões de carbono dos países mais ricos sejam compensadas.
Ao lançamento do programa seguiu um relatório publicado em agosto por Trust: "Menos Emissores, Menos Emissões, Menos Custo: Reduzir as emissões futuras de carbono investindo em Planejamento Familiar".
As conclusões do estudo afirmavam: "a análise de custo/benefício revelou que o planejamento familiar é consideravelmente mais barato do que muitas tecnologias que visam a diminuir a emissão de carbono".
"Com base nos resultados do estudo, propõe-se que os métodos de planejamento familiar sejam considerados uma ferramenta básica na estratégia de contenção das emissões de carbono”, defende o relatório.

Previsão de desastres
O Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) juntou-se ao coro malthusiano com a publicação de seu Informe de Estado da População Mundial 2009.
O informe impulsionava um maior acesso à "saúde reprodutiva". Este termo das Nações Unidas há de se entender incluindo o acesso a preservativos, contraceptivos e ao aborto.
“Alcançado um ponto onde a humanidade está beirando o desastre", afirmou Thoraya Ahmed Obaid, diretora executiva do UNFPA, no lançamento do relatório, em Londres, no dia 18 de novembro.
O relatório foi apresentado pela imprensa com títulos como: "ONU: Lutar contra as mudanças climáticas com preservativos livres" (Associated Press, Nov. 18).
"Controle de Natalidade: A maneira mais eficaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa", alardeou no dia 19 de novembro a manchete do jornal Times de Londres, em uma matéria sobre o relatório.
Junto a este chamado à saúde reprodutiva nas nações em desenvolvimento, e para confundir mais, havia outras declarações que contradiziam a tese de que menos gente nos países mais pobres distanciaria o mundo do precipício do desastre ambiental.
"A responsabilidade principal para o atual acúmulo de gases de efeito estufa é dos países desenvolvidos", o relatório admitiu.
"A relação entre a população e a mudança climática é, na maioria dos casos, complexa e indireta", de acordo com a análise feita pelo relatório.
O melhor guia para a questão da população e do meio ambiente veio em um relatório especial publicado através da revista The Economist na edição do dia 31, em outubro.
No editorial que acompanha o relatório, a revista apontou que a tendência da baixa fertilidade nos países em desenvolvimento já é avançada. "A queda atualmente da fertilidade é muito grande e muito rápida", publicou.

Imoral
De acordo com o edital, nós podemos limitar o impacto humano sobre o meio ambiente de três formas: política demográfica, tecnologia e governança. Com respeito à população, não há muito mais a ser feito, argumentou a revista. Apenas uma "coação ao estilo chinês" poderia trazer uma mais rápida redução na fertilidade.
Notadamente, para uma publicação que não defende nenhuma forma de religião, o editorial também acrescentou que: "forçar os pobres a ter menos filhos do que eles desejam porque os ricos consomem demasiados recursos do mundo seria uma atitude imoral".
O próprio relatório propõe que a forma de lidar com as emissões de carbono e as preocupações ambientais não é tentar reduzir a fertilidade e sim alterar o crescimento econômico de modo que seja menos poluente e com menos recursos.
O sociólogo britânico Fran Furedi explorou o retorno do malthusianismo em uma artigo escrito para o site Spiked. Seu comentário, no dia 7 de dezembro, atacou duramente as propostas da Optimum Population Trust por ser "um organização malthusiana quase zumbi dedicada à causa da redução humana".
"Durante a maior parte da história, a vida humana tem sido valorizada e vista como possuidora de uma qualidade especial que não poderia ser reduzida", observou Furedi.
Furedi baseava seus comentários em uma perspectiva humanista e não em uma perspectiva religiosa. “Não há uma única qualidade na perda da vida humana”, argumentou.
Ele também perguntou por que os outros humanistas não se demonstravam interessados em defender a vida humana e defender os ideais desenvolvidos no Renascimento e no Iluminismo.

Perdendo a fé
"Um mundo que pode colocar um sinal de igualdade entre um bebê e o carbono é um mundo que perdeu a fé na humanidade", lamentou Furedi.
Outro comentário interessante foi publicado no dia 9 de dezembro pelo site australiano On Line Opinion, escrito por Farida Akhter, de Bangladesh. Segundo o artigo, ela é a diretora-executiva de uma organização que trabalha com comunidades em Bangladesh e também dirige uma editora feminista.
Akhter refletia sobre o Informe de Estado do UNFPA e dizia que é uma abordagem simplista considerar que as mulheres podem resolver os problemas ambientais simplesmente reduzindo sua fertilidade.
Lançar como objetivo as nações em desenvolvimento simplesmente não tem sentido, afirmou. Citando dados do relatório da UNFPA, indica que os 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo são os responsáveis por 50% das emissões mundiais de dióxido de carbono.
Então, continuou, mesmo que o crescimento populacional seja reduzido nos países mais pobres, a sua contribuição para a redução das emissões de carbono ou para o consumo de recursos não será significativa.
"Não vamos tornar as mulheres alvo de contraceptivos com o intuito de resolver a mudança climática", concluiu.
Um sentimento partilhado por Jennie Bristow, editora da publicação britânica Abortion Review.
Ela também escreveu um artigo para Spiked sobre o tema “população e ecologia”, no dia 6 de outubro.
Bristow defendia o aborto e a contracepção, mas também enfatizava que a história está cheia de exemplos onde estas práticas têm sido imposta às mulheres por parte de autoridades que queriam decidir quantos filhos deveriam nascer.

Respeito
Seu ensaio era crítico à posição pró-vida, mas também argumentava que "devem-se responder sérias questões sobre até que ponto é genuíno o compromisso pela livre eleição entre aqueles que gostariam que as mulheres elegessem em última instância não ter filhos, ou não mais que um certo número de filhos”.
É certo que temos uma responsabilidade com o meio, assinala Bento XVI em sua encíclica "Caritas in Veritate".
O que está em jogo, porém, é algo mais do que apenas as questões ecológicas, diz o Papa. O respeito pela natureza também inclui o respeito pela vida humana. "Os deveres que temos para com o ambiente estão ligados com os deveres que temos para com a pessoa considerada em si mesma e em relação com os outros", afirma (n º 51).
Se os dois se opõem, há "uma grave antinomia da mentalidade e do costume atual, que avilta a pessoa, transtorna o ambiente e prejudica a sociedade", prossegue o pontífice. Uma contradição proposta por poucas vozes no debate sobre como enfrentar os atuais temas de meio ambiente.

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